sábado, 15 de dezembro de 2012

Gaudete!


Você conhece a lenda de Droselbat? Trata-se de uma lenda familiar ao mundo germânico. Depois que uma princesa rejeitara a proposta de casamento com um rei muito rico chamado Droselbat, caiu numa grande pobreza. A pobre princesa teve que abandonar o país e, enquanto cruzava os caminhos perguntava: “De quem é essa magnífica mansão?” “Pertence ao rei Droselbat” – respondiam-lhe. Ela, arrependida, dizia consigo: “Ah! Se eu me tivesse casado com Droselbat, este castelo seria meu… E aquelas videiras magníficas, de quem são?” “Do rei Droselbat”. “Ah! Se eu tivesse aceitado a sua proposta, possuiria esses campos tão férteis… E aquelas florestas intermináveis?” “Do rei Droselbat”. “Ah! Se eu tivesse pensado melhor.”

Há pessoas que vivem assim, mergulhadas na tristeza de um passado, pensando como seria o futuro e esquecendo-se do presente a aproveitar. Mas as coisas mudaram! Agora tudo aquilo que é do Rei é nosso. Não precisamos mais ficar lamentando-nos a vida inteira com essa espécie de complexo de Droselbat. Alegremo-nos! Por quê? Porque Deus virá ao nosso encontro. Esse é o motivo pelo qual a Igreja se alegra no dia de hoje: aproxima-se a nossa libertação!

Todos os homens são pecadores, todos os homens são mentirosos, todos os homens estão privados da glória de Deus! Isso é somente um resumo daquilo que São Paulo nos transmite nos primeiros capítulos da Carta aos Romanos (cf. 1-3). Daí a tristeza, o abismo, a escuridão. Como não alegrarmo-nos quando finalmente esse inverno de séculos deixa passo ao verão, à luz, ao Sol da Justiça que é o Senhor Jesus? Gaudete, alegrai-vos!

Há um outro domingo que também se chama domingo da alegria no curso do Ano Litúrgico da Igreja, é o quarto domingo da Quaresma, o Domingo laetare. Esse terceiro Domingo do Advento chama-se Domingo gaudete. A diferença entre os dois tipos de alegria é sutil, mas existe: a alegria da quaresma é uma alegria – por assim dizer – menos explosiva que a do Advento. Efetivamente, enquanto a alegria da Quaresma tem que passar necessariamente pelo drama da Paixão do Senhor e é, por tanto, uma alegria com uma profundidade de um peso incalculável, a alegria do Advento tem como motivo a vinda desse adorável Menino que nos leva a um gozo que chega até aos nossos sentidos e vai ao mais profundo da nossa existência. E tudo isso a causa da primeira Parusia que deixa as portas abertas à esperança da segunda, da vinda gloriosa que transfigurará os nossos corpos mortais.

Alegrai-vos! Faltam apenas 10 dias para o nascimento de Cristo!

O gozo é um dos frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5,22), vem enumerado logo após a caridade e seguido pela paz. A alegria e o gozo são conseqüências do amor que Deus derramou nos nossos corações pela ação do Espírito Santo e nos leva necessariamente à paz. Antigamente, pedia-se sempre, antes de começar a missa o “gaudium cum pace”, o gozo e a paz, ao Senhor. Peçamos todos os dias: “Concede-nos Senhor a alegria e a paz!”

Para estar alegres é preciso rezar, nos diz S. Tiago: “Alguém entre vós está triste? Reze! Está alegre? Cante!” (5,13). Talvez seja exatamente esse o motivo dessa espécie de tristeza que quiçá, experimente o meu irmão em Cristo. Você não reza ou reza muito pouco? O inimigo das nossas almas tem um aliado, a tristeza, que nos afasta pouco a pouco de Deus. Somos filhos de Deus, esse único motivo basta para que estejamos sempre alegres e com um sorriso estampado no rosto, apesar dos pesares.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 13/12/2009

Nenhum comentário: