segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DEUS, NÓS E A POLÍTICA...

Sei que o texto é longo, mas não podia deixar de exprimir minha opinião de cidadão cristão e peço que você leia e comente, se quiser...

DEUS, NÓS E A POLÍTICA...

Respeito a opinião de quem votou neste domingo, 26.10.2014, e que levou ao resultado que tivemos, mas vejo com tristeza que mais uma vez a desgraça e um futuro negro se abate sobre nosso país...

Cada um de nós precisa evangelizar mais, viver a vida com honestidade e santidade e ajudar cada irmão ou irmã a ter mais fé em Deus... A trazer Deus de volta para suas vidas, para suas casas e suas famílias, pois para o governo quanto mais desesperança em Deus existir, mais eles se fortalecem...

E rogo ao nosso Pai Celestial que tenha piedade de nós os reais trabalhadores que sustentam os pobres desse país, que ao invés de serem instruídos a crescer na vida e buscar sua própria independência através de boa formação e de um trabalho digno, são incentivados a se manter na pobreza sustentada pelo governo...

Pobres mantidos no cabresto perpetuam os dominantes no poder e se sentem felizes, pois são iludidos por uma realidade onde o pouco que recebem do governo para sobreviver lhes parece bastar, pois percebem que não precisam trabalhar e nem estudar... Assim enganados, não enxergam o buraco onde estão se metendo e o resultado nefasto que isso trará para si mesmos, seus filhos e netos...

Não os culpo por agirem assim, porque a real Cultura e Educação de um povo não são metas do governo atual, uma vez que isso abriria os olhos e as mentes de todos seus eleitores cabrestados e dominados por uma mídia perversa e muito bem engendrada e eles seriam eliminados da vida pública para sempre...

Cultura e Educação de um povo não deve mesmo ser meta de nenhum governo, mas sim da consciência coletiva enraizada na mente de cada um que dentro de sua própria casa, junto dos seus familiares, parentes e amigos, buscam desenvolver uma consciência de honestidade, de ética, de amor a Deus, de amor próprio, de amor ao próximo, de uma religião e de uma busca maior pelo bem-estar de todos os seres humanos, amando a todos incondicionalmente...

Só espero que nosso país não se torne como Cuba ou Venezuela com a debandada geral de investimentos estrangeiros que vai ocorrer daqui pra frente, a falência geral do setor sucro-alcooleiro-energético, a degradação da agricultura, o empobrecimento da classe alta e média, o fechamento das indústrias que em sua maioria estão deficitárias com os altos impostos e custos trabalhistas, a escalada da inflação, o baixo PIB sem crescimento à vista no curto prazo, o aumento da corrupção e do enriquecimento ilícito de nossos governantes e políticos em geral, que se aproveitam da impunidade que vigora em nossa amada pátria Brasil em razão das leis que eles mesmos criaram para se proteger dos castigos inerentes aos corruptos e corruptores...

Que cada um de nós tenha a sabedoria de buscar uma vida melhor através do trabalho, do estudo continuado, da preservação da família e da certeza de Deus está em nossas vidas a cada momento.

Que possamos escutar sua Palavra e aplicá-la realmente a cada momento de nossa curta existência...

Que Deus abençoe a todos nós!

Dermeval Neves - 27.10.2014 - 01h58

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Toque do Silêncio

Conta a história que tudo começou em 1862, durante a Guerra Civil Americana, quando o Capitão Robert Ellicombe do Exercito da União estava com os seus homens perto de Harrison’s Landing, na Virginia. OExercito Confederado estava do outro lado de uma estreita faixa de terra.

Durante a noite, o Capitão Ellicombe ouviu os gemidos de um soldado caído gravemente ferido no campo. Sem saber se era um soldado da União ou um inimigo Confederado, o Capitão decidiu arriscar a sua vida e trazer o homem atingido para os cuidados médicos.

Arrastando-se, deitado, alcançou-o e começou a puxá-lo em direcção ao seu acampamento. Quando finalmente alcançou as suas linhas, descobriu que o soldado era na realidade um Confederado, e que entretanto havia morrido. O Capitão acendeu uma lanterna e na obscura luz viu a sua face. Era o seu próprio filho. O rapaz estava a estudar música no Sul quando a guerra começou e, sem falar com ninguém, tinha-se alistado no Exercito Confederado.

Na manha seguinte, o Capitão pediu permissão aos seus superiores para lhe dar um funeral com honras militares, apesar de ser um soldado inimigo: Pretendia que os membros da banda militar tocassem um hino para o funeral, mas os comandantes não concordaram...no entanto, e por respeito ao pai, dispuseram somente do corneteiro da Companhia. Então, o pai pediu-lhe que tocasse as notas musicais que havia encontrado num pedaço de papel no bolso do uniforme do próprio filho. Nasceu assim a melodia executada em funerais militares e que conhecemos como..

TOQUE DO SILÊNCIO

magnífica interpretação de Melissa Venema
Orquestra; André Rieu

quinta-feira, 1 de maio de 2014

CONCÍLIO VATICANO II - INTER MIRIFICA

INTER MIRIFICA: A comunicação ao serviço do Evangelho

O Decreto Inter Mirifica surgiu partindo de uma necessidade de orientar os cristãos e convocá-los ao reto uso dos meios de comunicação. Foi um modo encontrado para que houvesse o reconhecimento da importância da comunicação de massa como meio capaz de movimentar indivíduos e sociedades e o seu valioso auxílio para o desenvolvimento do ser humano e da evangelização. Nas próximas edições trabalharemos um pouco mais sobre este decreto.

No capítulo I o documento focaliza temas variados e mais genéricos. Já, de início, os bispos reconhecem a importância de a Igreja utilizar dos meios de comunicação para a evangelização, mas sempre respeitando o seu código moral e reto uso, nos conteúdos, na finalidade, no público e assim por diante. Deve também contribuir para formar uma reta opinião pública, pois todos têm direito à informação e à verdade.

Atenção especial deve ser dada aos jovens, não deixando de traçar linhas para todos os receptores e autores, aos quais cabem as principais obrigações morais, pois são os responsáveis pelos media. Por fim, chama a atenção das autoridades civis para os seus deveres de controlar abusos, garantir a liberdade de expressão, favorecer as boas iniciativas e defender o receptor.

A segunda parte do documento tem como tema central os meios de comunicação a serviço da missão católica. Incentivam e orientam, nesta parte, o uso dos meios de comunicação para o apostolado, para promover a boa imprensa, uma comunicação com valores e dignidade.

A Igreja deve preocupar-se com a formação dos autores, para poderem dirigir as produções e emissões. Deve ter meios de comunicação próprios, o que incentivou a criação de jornais, emissoras e programas radiofônicos e televisivos, livros, peças teatrais, filmes, etc. De igual maneira deve preocupar-se também com a educação dos receptores, para que sejam sempre mais críticos e seletivos.

A pregação da Palavra de Deus na cultura da comunicação não deixa de ser, sobretudo, nos tempos atuais, um desafio e uma necessidade e, talvez, o meio mais eficaz de chegar ao homem moderno e à chamada “geração digital”.

Que muitas novas iniciativas sejam tomadas neste campo, sempre em sintonia com o que nos afirma o Concílio: “A Igreja católica considera seu dever pregar a mensagem de salvação servindo-se dos meios de comunicação social e ensinar aos homens a usar retamente estes meios (IM, n. 3).

(Darlei Zanon. Fonte: Para ler o Vaticano II, Paulus 2012).

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Primeiro Amor

Cidinha, primeiro Amor!

Quanto mais o tempo passa, mais histórias nós temos para contar aos nossos filhos, netos e amigos... Tudo que passamos nesta vida nos serve de inspiração para evocar o passado e suscitar nos leitores os mais ternos sentimentos... Só depende de cada um de nós!

Um dia desses, eu me peguei a pensar em uma história singular e única que me aconteceu em minha cidade natal Araçatuba, cuja lembrança me acompanha desde a infância até os dias de hoje: o doce sorriso de uma menina tímida e muito linda que encantou a minha vida e se tornou o meu primeiro amor. Não um amor banal, mas um amor extremamente terno e verdadeiro: O Primeiro Amor...

Em meu pequeno coraçãozinho de apenas onze anos de idade brotou o mais puro sentimento de amor, não o amor perverso que encontramos por aí, mas um amor tão puro e verdadeiro que se tornou parte do meu ser e cuja simples recordação me lembra de que um dia fui capaz de amar de verdade, com a pureza do amor dos anjos...

Não sabia a idade dela e nem me importava com isso, mas acho que ela devia ter um pouco mais de vivência do que eu, mas isso não fazia a menor diferença. Estar perto dela para mim era tão doce e sublime que me perdia encantado admirando sua boca bem formada e os cachos morenos de seu cabelo sedoso naquele rostinho lindo...

Nós estudávamos na mesma escola, na mesma classe de quarta série primária e ela se sentava bem próximo a mim, perto o suficiente para eu colocar bilhetinhos e às vezes uma fruta debaixo da sua “carteira”... Isso durou bastante tempo... Nossos olhares apenas se cruzavam de vez em quando e se desviavam timidamente... Nunca passou disso e nunca trocamos uma simples palavra sequer que pudesse expressar o que sentíamos... Para mim palavras eram completamente desnecessárias, para ela eu não sei o que passava naquela linda cabecinha de cabelos cacheados que vez ou outra me brindava com o mais lindo sorriso que já vi em toda minha vida...

Eu sempre insistia nos bilhetinhos e ficava sempre à espera de uma resposta que nunca vinha... Escrevia e esperava e nada de resposta... Até que um dia, após o término de todas as provas e já sabendo que havíamos terminado com louvor nosso curso primário, aquela boquinha encantadora me diz num sorriso lindo que jamais esqueci e que nunca esquecerei: “Você deixou cair esse bilhetinho no chão, pega logo...”.

Eu quase caí no chão ao me contorcer todo na cadeira para pegar o papelzinho todo dobrado e eu tinha a certeza de que era a primeira resposta que eu recebia depois de tanto tempo... Quase um ano inteiro... Meu coraçãozinho acelerou... O sinal de fim das aulas tocou... Ela se levantou e foi embora, não sem antes olhar para trás e me lançar aquele lindo sorriso, que mal sabia eu que seria o último sorriso dela que eu veria por quase cinquenta anos...

Eu tinha que sair correndo para encontrar minha irmã que estudava em outra sala da mesma escola e meu severo pai me obrigava a encontra-la na porta da classe antes que ela saísse e ai de mim se não fizesse isso, pois ele sempre ficava sabendo e o “couro do chicote comia solto no meu lombo de criança”...

Enfiei o bilhetinho no bolso do uniforme e corri para a classe de minha irmã, louco de vontade de ler o bilhete dela... Finalmente ela tinha respondido... Até que enfim ela tomou coragem e me deu algum sinal... Felicidade total...

Encontrei minha irmã e nos dirigimos para o portão de saída onde meu pai já nos esperava com a caminhonete azul e branca, pois morávamos na Zona Rural cerca de quinze quilômetros da escola...

Aí a coisa complicou um pouco para mim, pois eu não podia ler aquele bilhete estando ao lado do meu pai... Imagina se ele descobrisse, aí é que meu lombo ia sofrer... Contive minha vontade à custa de muito sacrifício durante toda a viagem para casa...

Chegamos... Desci do carro e abri a porteira... Queria ir andando até a casa grande para poder ler o bilhete, mas meu pai não deixou...

Ao descer do carro, minha mãe me chamou e me deu a maior bronca porque eu me esqueci de dar milho para as galinhas antes de ir para a escola às 05h30 da manhã... Puxou minha orelha, pegou minha sacola de livros e me fez tirar o uniforme ali mesmo onde estava, pois ela queria lavá-lo devido à sujeira que deixei minha roupa ao jogar bola durante o recreio... E como castigo me fez ir correndo, só de cuecas, lavar o chiqueiro dos porcos antes de almoçar...

Meu pai simplesmente se mandou para cuidar dos seus afazeres na fazenda e eu estava à mercê de minha mãe, que eu amava muito, mas naquele momento experimentei o que é sentir ódio de alguém...

Total confusão mental... Inferno total... O BILHETE ESTAVA DENTRO DO UNIFORME que ela ia lavar... E agora?!?

Só me restava ir lavar o chiqueiro e depois tentar falar com a menina dos meus sonhos para saber o que ela havia escrito no bilhete...

De repente, o céu desabou sobre minha cabeça com toda a força de uma tempestade de verão misturada com furacão... Ouvi minha mãe gritar para o nosso empregado: “Toninho, pega aquele moleque desgraçado e traz ele aqui pra mim, AGORAAAAA....

Desesperado com a surra iminente que eu ia levar, eu saltei o muro do chiqueiro e saí correndo pasto afora com toda a velocidade que minhas pequenas pernas podiam alcançar, mas o peão era mais forte e mais rápido...

Ele me alcançou na carreira e feito um bezerro em arena de rodeio ele me laçou com os braços fortes e me jogou no chão e depois me arrastou pelo braço até onde estava minha mãe... Ainda tentei fugir, mas aquelas mãos rústicas e calejadas me seguravam como as tenazes prendem o ferro em brasa em cima da fornalha... Minha mãe xingava e esbravejava: “Anda logo, desgraçado! Traz logo esse moleque aqui! Você não é homem não?

Desespero total... Acostumada a revistar os bolsos do meu uniforme escolar para não se ferir com os pregos, pedras, canivetes e outras porcarias que moleque arteiro carrega nos bolsos, naquele dia ela encontrou e leu o bilhetinho...

Ela simplesmente me fez mastigar e engolir o bilhete sem me dizer o que havia nele e depois disso, xingando muito alguns palavrões que eu nunca tinha ouvido, me deu uma surra homérica digna de qualquer escravo negro fujão antes da Princesa Isabel abolir a escravatura... Enquanto o peão me segurava pelos braços ela me chicoteava com gosto dizendo: “Ah! Então você quer fugir de casa pra casar? Ah! Seu fedelho! Vou te ensinar como é a vida!”...

E assim o chicote de couro lambia meu lombo arrancando pele e muito sangue, até que ela em sua raiva insana largou o chicote e pegou um cabo de vassoura feito de um galho de goiabeira e acabou me machucando muito e eu desmaiei... Não sei quanto tempo demorei a voltar, mas uma enfermeira muito carinhosa me acalmou enquanto tratava minhas feridas...

Uma semana de “molho” esperando as cicatrizes se formar e cessar as dores... Não podia voltar à escola... Eu queria muito, mas meus pais não deixavam... A saudade doía muito... Mas o mais dolorido era não saber o que minha amada tinha escrito naquele bilhete que ao final acabou alimentando meu sangue... Fazendo parte do meu ser... Ah! Se minha língua e meus dentes pudessem ler... Ou meu estômago, talvez...

Quando voltei à escola, as aulas já haviam terminado... Meu pai me deixou na porta da escola e saiu para resolver algo urgente e me fez esperar sozinho pelo diretor da escola com uma carta onde ele explicava que eu não poderia participar da festa de formatura e que era para ele me entregar o diploma de formatura...

Eu estava desesperado, muito triste, pois nunca mais veria a minha amada... O diretor demorou demais para chegar à escola... Meu pai voltou e disse que tinha que ir embora para a fazenda e que era para eu ir para a casa da minha avó e ficar lá até que ele tivesse um tempo para me buscar... Eu sabia muito bem ir da escola para a casa da minha avó, pois já havia feito esse caminho muitas vezes...

Enquanto esperava pelo diretor da escola, sentado em uma mesa da secretaria, a Tia Maria, que trabalhava na escola percebeu minhas cicatrizes quando levantei um pouco a camisa para diminuir a irritação do tecido sobre a pele dolorida... Sentou-se a meu lado e me perguntou o que havia acontecido...

Com muito carinho ela ouviu como toda minha história de amor havia terminado em tragédia... Pela primeira vez na vida eu chorei pela perda de um grande amor, o meu primeiro amor...

Enquanto enxugava as lágrimas eu vi a Tia Maria desaparecer pela porta da secretaria e voltar logo depois com um papelzinho com um nome e um endereço... Ela me disse: “Vai lá na casa dela e fala com ela! Aqui está o nome completo e o endereço dela.” Eu pulei no pescoço dela e lhe dei o mais puro beijo de agradecimento que alguém pode dar... Eu a vi enxugar as lágrimas e sair cambaleando pelo corredor afora...

Meu coração estava quase saindo pela boca! Acelerado ao extremo! Emoção à flor da pele! Finalmente eu conseguia sorrir... Olhava aquele nome e endereço com carinho e gravei imediatamente aquela informação... Não queria que ninguém mais visse aquele papel ou que ele se tornasse razão para mais uma sessão de pancadaria... Eu não aguentaria outra surra daquelas... Gravei os dados na memória e destruí o pequeno papel... Até hoje, quarenta e sete anos depois, ainda sei o nome dela e o endereço onde morava...

O diretor chegou, leu a carta do meu pai, desapareceu pela porta da diretoria e voltou algum tempo depois com um envelope fechado e mandou entregar para o meu pai...

Saí da escola em disparada, no mesmo ritmo que batia meu coração... Meus passos seguiam exatamente o compasso de suas batidas... Eu sabia onde era aquela rua, já havia passado por lá várias quando ia à Igreja São João aos domingos para a catequese e a missa dominical...

Um quarteirão antes da casa eu parei e com as mãos no joelho respirei fundo porque havia corrido uma grande distância... Acalmei meu sangue, me aproximei e bati palmas no portão da casa número 482 daquela rua... Um senhor de cabelos brancos e voz rouca gritou lá da porta: “O que você quer, moleque?” e eu respondi: “Preciso falar com a Cidinha!”. Ele respondeu: “Não tem ninguém aqui com esse nome.”. Aí eu falei o nome completo dela e um arrepio de emoção percorreu minha espinha... Ele respondeu: “Ah! Ela foi embora, não mora mais aqui!”. Em desespero total eu pedi que me desse o novo endereço dela e ele me disse que ia dar coisa nenhuma para mim... Bateu a porta na minha cara e desapareceu dentro da casa...

Me sentei na calçada... Chorei... Esbravejei... Xinguei... E bati palmas de novo na frente da casa disposto a dizer por que eu estava ali... Dessa vez uma senhora muito simpática veio até o portão e com voz doce me disse para ir embora, porque a Cidinha não morava mais ali e ela não podia dizer para onde ela tinha ido... Eu agradeci e fui embora.

Em lágrimas, fui para a casa da minha avó... Como eu já estava em férias e com o diploma do curso primário na mão, meu pai trouxe algumas roupas minhas e me deixou ficar lá por quase todo o período de férias.

Minha vida começou a evoluir lentamente, junto com um tio muito amado eu  comecei a trabalhar numa mercearia próxima à casa da minha avó e acabei passando uma boa temporada por lá, estudando o Curso Ginasial no Colégio Salesiano e trabalhando na mercearia...

Ainda voltei várias à casa onde minha amada morava, mas sempre recebia a mesma resposta... Até que um dia ao bater palmas no portão surgiu uma pessoa diferente que havia comprado a casa e aí eu me conformei, mas em toda minha vida, mesmo casado com filhos e netos, divorciado e no segundo casamento, nunca deixei de procurar pela Cidinha...

Com o passar dos anos, o relacionamento com meus pais se transformou completamente. Devido às muitas surras e espancamentos que sofri ao longo de minha vida, alimentei durante muito tempo um ódio insano por eles, mas depois do casamento com mais maturidade, melhor compreensão da vida, entendendo um pouco mais a drástica atitude deles e principalmente por me voltar totalmente à uma vida de práticas religiosas, eu alcancei o estágio da graça do perdão total.

Uma vez eu perguntei à minha mãe o que estava escrito naquele bilhete, mas ela me disse que por causa da idade, já não conseguia nem se lembrar da surra que me deu e nem do motivo...

Preciso desesperadamente saber o que ela escreveu naquele bilhete... Não quero morrer sem reencontrá-la e saber a verdade... Como ela está hoje? Onde vive? O que faz da vida?...

Esta história não termina aqui... Depois eu conto o final desta história...

Um carinhoso abraço e beijo a todos vocês!

Dermeval Neves

terça-feira, 1 de abril de 2014

O Sagrado que se deixa abraçar...

A Irmã Cristina Scuccia de 25 anos, uma  siciliana que vive em Milão é  freira das Ursulinas da Sagrada Família e ao se apresentar  no “The Voice”, versão Italiana do Reality Show Musical na noite de 19 de Março impressionou os Jurados ao cantar No One, de Alicia Keys, emocionou  e causou espanto por ter subido ao palco da atração, transmitida pelo canal Rai 2, com seu hábito de freira.


A afirmação do rapper J-Alex, primeiro Jurado que aprovou o talento da Cantora ao virar-se de frente para o palco,  “Eu sou o Diabo e você a água Benta”, nos traz de volta a reflexão sobre essa conturbada relação dos Homens para com Deus, suscitando o velho debate em torno da questão “O que é Profano e o que é Sagrado?”.

Tatuado dos pés a cabeça, a reação do Jurado sobre o espetacular desempenho da Freira Cantora, lembrou-me a de Pedro em Lucas 5, 8-9  quando, após a pesca milagrosa, tomado pelo espanto e assombro, o Apóstolo afirmou “Retira-te de mim Senhor, porque sou um homem pecador”.  Sagrado e Humano parece ser coisas incompatíveis, que não se pode e nem se deve misturar.

A solução poderia ser  a de fantasiar o Sagrado para que o fato não fosse tão impactante, talvez esta a razão que levou a Jurada Raffaella Carrá, a última a virar-se para o palco, a questionar  se a candidata era uma  Freira de verdade, ao que Irmã Cristina respondeu “Com certeza” e na sequência  da  curta entrevista, a Jurada indagou qual seria a reação do Papa Francisco, onde novamente a Freirinha surpreendeu respondendo que aguardava um telefonema do Papa, felicitando-a  por estar evangelizando naquele palco.  

Confesso que a primeira vez que acessei a apresentação foi por mera curiosidade,  mesmo sendo a primeira vez, algo fascinou-me e encantou. Entre os já 37 milhões de acessos, marca recorde no último domingo pelo Vídeo Viral, algumas dezenas de acesso foram da minha máquina. O olhar espantado dos Jurados, a reação diante do inusitado. Como é que o Sagrado vem se apresentar em um ambiente de Rock, mal visto pelos ortodoxos de todos os cantos do mundo? Rock'n Roll, cenário de barbudões, carecas, tatuagens que até parecem diabólicas, clima para perversidades e outros desvios de caráter. Um ambiente nada propício para o Sagrado, presente na pessoinha maravilhosa e angelical da Irmã Cristina, simpaticíssima, comunicativa, extrovertida ao cantar e ao dançar, com o carisma nato do canto. Sou ruim até para entender o Italiano, mas um dos jurados disse algo parecido com “O Céu baixou aqui em nosso meio”, o Céu de Deus, a ternura e a beleza de Deus, o amor e a misericórdia, o Deus alegre e descontraído que também curte um bom rock e que irradia uma força que os Jurados e a plateia não tinham ainda experimentado.

O mais bonito é a consciência da Irmã Cristina, sobre o seu carisma de Vocacionada, por instantes experimentou a glória, a fama e o sucesso, mas nota-se que isso não sufocou o chamado Divino para a Vida de Consagrada. Entretanto, o Sagrado presente na Vida e no coração dessa Freira não a torna uma Super Mulher, uma deusa que baixou sobre a terra.

Não se sabe o que vai ocorrer com a Irmã Cristina, após a sua fama que com certeza será mundial. Mas de uma coisa tenho certeza, ela simboliza neste momento e muitíssimo bem,  o Sagrado atuante e presente na Igreja e na Vida de todos os que creem. Ela é talvez o grande sinal de que, nesses tempos novos do Pontificado de Francisco, a Igreja dará um passo decisivo na direção do “Mundo”, visto como profano, pervertido, irrecuperável. O Sagrado sai da grande Eclésia, como pediu o Concílio Vaticano II. Acho que ninguém poderá detê-lo, ele sai do mofo e das velharias religiosas para levar todo o seu encanto, a sua ternura, o seu carisma, a Paz e a beleza Divina, a um mundo que anda com medo de aproximar-se de Deus.

E lembrando-me de Jesus – o Filho de Deus, que jantou na casa de pecadores como Mateus, Zaqueu, Simão, que bebeu  o delicioso vinho, cantou e dançou na Festa da Vida, lembrando de Jesus, o eterno Amor que conquistou Madalena e que mentes doentias tentam banalizar, confesso que não me contive quando assisti a cena final....

O rapper J-Alex, tatuado dos pés á cabeça, que se sentiu um diabo diante da Santidade irradiada pela Freira, ao ser por ela escolhido para ser o seu técnico orientador, pulou da sua cadeira de Jurado e correndo em direção ao palco com incontida emoção e alegria, abraçou a Irmã Cristina e rodopiou com ela por alguns momentos, bem abraçados, Sagrado e Profano em um rodopio de Vida e Esperança.

E o Sagrado deixou-se tocar e abraçar. Jesus, o Verbo Encarnado  armou a sua tenda em meio aos nossos barracos. É isso que Deus gritou lá das alturas do céu, no The Voice da Itália, na meiguice da Irmã Cristina, pelo menos para mim...


Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP

A CF 2014 e o Tráfico de Pessoas

Imaginem esta cena, a Senhora Idosa fala com a vizinha em uma daquelas conversas de muro “Minha neta recebeu uma grande  bênção de Deus, ela foi selecionada para ser modelo em uma agência da Suíça”.

Outra cena, um caboclo do campo, tomando seu aperitivo na vendinha de beira de estrada com os amigos “Meu caçula tirou a sorte grande. Vai trabalhar em uma grande Fazenda em Goiás, com bão salário, cesta básica e até casa na colônia.”

E só para ilustrar,  mais um caso:  “Cumadre, sua Filha começou a fazer Faculdade, né?“. Ah Cumadre, começou mas vai parar, surgiu uma grande oportunidade na Inglaterra, ela vai trabalhar de Baby-sitter e ainda frequentará uma Universidade. Se Deus quiser ela volta de lá uma Doutora”

Possivelmente todos os dias, em algum lugar conversas assim acontecem entre pessoas simples, gente  que sonha com um futuro melhor para os filhos,  netos ou sobrinhos, com um ótimo emprego, salário compensador. A menina sendo capa de revista, com exibição na TV, fazendo sucesso como Modelo na passarela de algum Shoping, o Pai de Família do interior,  sonhando com uma frente de trabalho de uma Fazenda distante de sua terra, onde vai ter bom salário, cesta básica, Casa e outros benefícios.

Estamos diante de um sistema Diabólico, mas muita atenção! Esse  Diabo não é  aquele bicho feio, cheirando a enxofre, rabudo, chifrudo e com pés de bode. Ao contrário, é lindo, perfumoso e elegante! O seu projeto de vida muito promissor e atraente. O Inferno para a qual este monstro arrasta suas inocentes vítimas, não é mais aquele “fogaréu” dantesco,  mas sim a escravidão vergonhosa de pessoas,  que globalmente atinge Um Bilhão e duzentas mil vítimas,  movimentando um mercado que tem até regra a partir da Oferta, Demanda e Impunidade,  que gera 7 a 9 bilhões / Dólares ao ano, com um lucro de 30.000.000,00. 

Enquanto estamos neste artigo, refletindo sobre o tema da CF 2014 “ O Tráfico de Pessoas e a Fraternidade”, esse Diabo fantasiado de anjo está agindo em algum lugar, perto de nós, talvez com algum ente querido. Sendo o terceiro maior tráfico, só perdendo para as Drogas e as Armas, o Aliciamento de  pessoas tem como principal fonte  de lucro a exploração sexual que envolve mulheres e meninas,  com menos de 18 anos,  sendo este o terceiro negócio ilícito mais lucrativo do mundo!

A Rede de Favorecimento que atrai tantas vítimas é bonita e requintada, o Diabo Formoso, conhece os gostos, as vaidades e os sonhos que perpassam em tantos corações. Ele  arma a sua Rede em pontos estratégicos tornando-a  atrativa, iluminada, sofisticada. O aliciamento ocorre em ambientes onde a gente nem imagina, ambientes e condições como aquelas que descrevemos ao início da reflexão, cujo ardil é tão perfeito que a ação de aliciamento das futuras escravas e escravos,  chega a ser confundida com Bênção Divina.

Não pensem que estou falando de um Diabo Mitológico e Fantasioso, mas de um ser real ,  que tem feito até hora extra porque a demanda aumenta dia a dia.  Embora o Filé mignon do Tráfico de pessoas seja na área da Exploração Sexual, a Rede é muito diversificada,  havendo o Trabalho Escravo e até aliciamento de crianças adotadas ilegalmente, para transplante de órgãos. Os Aliciadores são do sexo masculino em sua maioria, na faixa de 25 a 50anos, grande parte deles pertence a Elite Econômica e...pasmem: há até políticos, governantes e Legisladores que dão toda cobertura necessária, como se acoberta outros crimes nesta “Terra de Ninguém”, a exemplo do STF que por esses dias disse um solene AMÉM ao Planalto, inocentando os condenados do Mensalão do crime de Formação de quadrilha. Na área do Tráfico de Pessoas os aliciadores também têm cobertura das altas esferas.

O Objetivo Geral da Campanha é: “Identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus .O tema : “É para a Liberdade que Cristo nos libertou (Gálatas 5,5)

Independente de qualquer organização ou Mobilização das nossas Comunidades Cristãs, que podem e devem ser pensadas,  de imediato a primeira coisa que todos podemos fazer é bem simples. Falar sobre esse assunto com o  vizinho, na Feira Livre, na Fila do Banco, no ônibus, na Comunidade, no trabalho, na Escola e principalmente na  Família, que ainda é a Célula Mater da Sociedade. Essa atitude imediata e concreta muito nos ajudará a combater esse Mal terrível, que pode parecer Bênção aos olhos de pobres inocentes. 

Diácono José da Cruz -  
Paróquia Nossa Senhora Consolata 
Email cruzsm@uol.com.br

domingo, 16 de março de 2014

CONCÍLIO VATICANO II - GRAVISSIMUM EDUCATIONIS

Caríssimos Irmãos e Irmãs,

A cada semana, na Liturgia Dominical da página Evangelho do Dia no NPDBRASIL (http://www.npdbrasil.com.br/religiao/evangelho_do_dia_semana.htm), publico uma pequena explanação de uma parte dos documentos do Concílio Vaticano II, e quando se completa o ciclo eu publico aqui o artigo completo. Assim, apresento aqui os comentários sobre mais um documento:

GRAVISSIMUM EDUCATIONIS: Princípios para a Educação Cristã

Através deste documento o Vaticano II reconhece a importância da educação cristã em todos os tempos e sociedade e estabelece seus fundamentos e diretrizes. Aponta a que compete assegurá-la e a que meios recorrer, destacando sempre as escolas católicas de vários níveis.

Neste sentido, a idéia que perpassa este documento é a de que educar não é simplesmente propor conteúdos externos, mas sim desenvolver de dentro para fora, cultivando o dom da fé, solidificando o processo de humanização e personalização, promovendo a felicidade e a realização pessoal.

Logo no “Proêmio”, o documento destaca que “educar é uma questão urgente” e que esta declaração é fruto de uma atenta consideração à importância da educação cristã e à sua influência no progresso humano e social. Pretende-se assim enunciar alguns princípios fundamentais sobre a educação cristã, algumas linhas operativas, que posteriormente devem ser refletidas e aprofundadas pelos pais, educadores, clérigos.

Depois de salientar o direito universal à educação, o documento prossegue abordando o aspecto da fé com destaque para a catequese e para a família. Os primeiros e principais educadores são os pais, destaca o Concílio. A sociedade civil deve garantir a educação, mas cabe à família escolher como o filho deve ser educado e dar-lhe as primeiras e fundamentais noções sobre a cultura, a fé, o conhecimento, os valores.

Cada vez mais se tem chamado a atenção para a diferença de papéis exercidos pela família e pela escola no processo educativo. É tarefa específica da escola transmitir a cultura, no respeito pela diferença e pela liberdade; e promover uma educação para a inserção na vida social e profissional e para o exercício responsável da cidadania.

Porém, é função da família, enquanto comunidade fundada no amor, educar para o amor e para a fé: transmitir os valores da comunhão, da responsabilidade, da fraternidade, da solidariedade, da sociabilidade, da afetividade, preparando para uma integração social ativa e responsável, sempre respeitadora dos direitos de todos.

A Gravissimum Educationis toca também no tema da educação moral e religiosa nas escolas, destacando que o testemunho de vida é sempre o principal educador. Esta é uma questão muito pertinente e atual que deveria ser refletida com carinho pelos pais e educadores católicos.

O corpo principal do documento conciliar (nn 8 a 12), trata das escolas católicas. Ao longo da história da Igreja a escola teve um papel de destaque, “surgindo sempre como resposta às exigências das classes menos favorecidas do ponto de vista social e econômico” e caracterizando-se “como lugar de educação integral da pessoa humana através de um projeto educativo claro, que tem o seu fundamento em Cristo”, como afirma a Sagrada Congregação para a Educação Católica”.

A declaração conciliar continua descrevendo os tipos de escolas católicas (GE, n.9) e as universidades. “A universidade católica deve efetuar uma presença pública, estável e universal do pensamento cristão em todo o esforço dedicado à promoção da cultura superior” (GE, n. 10). São incentivadas as fundações de Universidades Católicas, que devem ser marcadas pela excelência no ensino e na pesquisa.

O Concílio chama a atenção também para as faculdades de ciências sagradas, pois a elas se confia a educação do futuros sacerdotes e dos professores de religião e moral. Elas tem, por isso, grande responsabilidade. Por fim, faz menção a coordenação das escolas católicas.

Os diversos institutos que têm a educação como carisma específico têm aqui um papel importante, devendo impor-se a fim de dar visibilidade e notoriedade à educação cristã diante de uma sociedade laicizada.

A riqueza principal deste documento é mostrar caminhos para que haja uma educação integral, ou seja, que leve em consideração todas as dimensões do ser humano e favoreça um crescimento saudável e pleno da criança e do jovem. A Igreja tem um papel fundamental na educação, por isso a catequese e as escolas devem apresentar um serviço de excelência, sempre atual no que se refere aos métodos e sólida quanto aos conteúdos e valores.

Dermeval Pereira Neves

Fonte:
Folheto Litúrgico Dominical O Pulsandinho - Diocese de Apucarana - PR
Sugestões e Informações: (43) 3468-1184 edson.zamiro@hotmail.com

terça-feira, 4 de março de 2014

Quaresma: Tempo de Conversão


A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja Católica marca para preparar os fiéis para a grande festa da Páscoa. Durante este período, os seus fiéis são convidados a um período de penitência e meditação, por meio da prática do jejum, da esmola e da oração. Ao longo deste período, sobretudo na liturgia do domingo, é feito um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que pretendem viver como filhos de Deus.

A Igreja Católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na Quarta-feira de Cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.

Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma consequência da penitência.

A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.

Pelo exercício da oração, pessoal e comunitária, as pessoas se tornam sempre mais abertas e disponíveis às iniciativas da ação de Deus.

O jejum e a abstinência de carne expressam a íntima relação existente entre os gestos externos da penitência, mudança de vida e conversão interior.

Precisamos entender de forma apropriada dois pontos principais a respeito do Jejum e Abstinência de Carne:
O Jejum: A igreja recomenda somente dois dias de Jejum - na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa - para cristão acima de sete anos (chamada idade da razão) e que não esteja passando por nenhuma debilidade física, doença ou tratamento que o jejum venha a prejudicar. 
Fazer Jejum não significa ficar totalmente sem alimentação as 24 horas do dia, mas sim deixar de fazer uma das refeições principais, de preferência o almoço. Quem tem maior resistência, pode também fazer um jejum mais acentuado, sem prejuízo da própria saúde. 
Abstinência de Carne: Aqui existe um contrasenso com a recomendação da Igreja: ao longo dos anos tornou-se conveniente fazer a abstinência de carne trocando-a por peixes (salmão, bacalhau e outros peixes deliciosos)... 
Isso não é de maneira alguma uma abstinência, mas sim a troca da carne por um alimento ainda mais gostoso e saudável do que a carne... Onde está então o sacrifício? Em lugar nenhum, pois abster-se da carne nos dias recomendados trata-se de retirar totalmente o que chamamos de "mistura", ou seja, comer apenas o arroz e feijão como o fazem muitos pobres espalhados neste mundo... 
A abstnência de carne torna-se assim em um gesto de solidariedade ao sofrimento daqueles que não tem a carne ou uma "mistura" para comer, fazendo-nos sentir um pouco do sofrimento deles e transformar nossa atitude em maior benevolência com aqueles que sofrem...
A esmola confere aos gestos de generosidade humana uma dimensão evangélica profunda que se expressa na solidariedade. Coloca a pessoa e a comunidade face a face com o irmão empobrecido e marginalizado, para ajudá-lo e promovê-lo.

Dermeval Neves
Vejam Artigos completos sobre a Quaresma em: 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

SER CRISTÃO: SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO!

Um filósofo europeu, ateu confesso, antes de morrer vítima de loucura declarou ao mundo em um de seus estudos:

"Ter uma religião sempre me fez falta! Acreditar em um ser superior, com o nome de Deus, sempre foi o meu desejo, mas nunca me dediquei a isto pois os Cristãos não me demonstram a certeza de que esse Deus existe: Se eles acreditassem realmente no Jesus de quem tanto falam ou no Espírito Santo que declaram ser seu guia, eles seriam pessoas mais felizes, mais sorridentes, mais amigas, mais dedicadas à caridade e ao bem-estar do seu irmão, mais participativas nas ações sociais, enfim, seriam pessoas que realmente inspiram confiança na fé que professam. Eu seria cristão se eles realmente vivessem a alegria do Jesus ressuscitado!"

E agora, meu irmão, minha irmã... Você já parou para pensar em que exemplo você está dando aos que o rodeiam?

Não sou padre, nem pregador, sou um católico como cada um de vocês, com todas as falhas de um ser humano, e por isso, vou relatar o que ouvi no sermão da missa de 06 de fevereiro de 2005:

Como faço todos os domingos, fui à missa e naquele dia resolvi ir na missa das 19h30 no Santuário de São Judas Tadeu, em São Paulo, com a intenção de rezar pela alma de uma pequena criança de 11 anos que havia falecido por não resistir ao câncer cerebral que a atacou. Foi feita a vontade Deus, como sempre!

Participei, então, de uma das mais emocionantes celebrações de minha vida, tanto pelo entusiasmo e eloquência do celebrante como pelo amor, fé e carinho que demonstrou para com todos os presentes e principalmente pelo tratamento dado ao Corpo e Sangue de Cristo, realmente presente entre nós. Foi extremamente emocionante sua demonstração de fé na presença viva de Jesus na Eucaristia.

Era um padre jovem, chamado Juarez Pedro de Castro, que com um entusiasmo fantástico fez um sermão digno de um servo de Deus. O tema do evangelho era a mensagem de Jesus dizendo que o cristão deve ser o sal da terra e a luz do mundo, tão conhecida e muitas vezes esquecida por todos nós... Assim foi seu entusiasmado discurso:

"Quanto custa um quilo de sal? R$0,70 - R$0,80 - R$0,90 - R$1,00... É o item mais barato de uma compra em um supermercado... Por que será que Jesus nos comparou com algo tão sem valor???...

Não, meus irmãos, Jesus nos comparou com o que havia de mais caro e sagrado naquela época. O sal era tão importante que servia como pagamento, todos os que trabalhavam recebiam no final do mês a sua cota de pagamento em sal, daí veio a palavra salário como recompensa por nosso trabalho. O sal era tão valioso que servia também como selo de pactos: quando alguém fazia um acordo ou um negócio ambos os negociantes colocavam uma pedra de sal na boca para provar que aquele acordo era sagrado.

Além disso, o sal sempre serviu para dar gosto aos alimentos e principalmente como conservante. Quando não havia geladeira e até mesmo nos dias de hoje, o sal era usado para salgar os alimentos e impedir que eles se estragassem antes do consumo, ou seja, era o elemento fundamental para evitar a corrupção, a podridão e a perda dos alimentos.

Esta é a importância da comparação: o Cristão deve dar sabor aos relacionamentos, à sua vida e de todos os que o rodeiam e principalmente deve ser o elemento que protege a família, os amigos e a sociedade da corrupção e do pecado. Através do seu exemplo e de sua vivência cristã, o católico deve ser o elemento que transforma o sabor da vida e que conserva em perfeito estado, sem pecado e sem corrupção as vidas de quem os rodeia, daqueles com quem convive em casa, no trabalho, no clube, na igreja e em todos os ambientes da sociedade.

O cristão deve ser fiel à sua missão e não pode perder jamais sua função de sal da terra, pois assim como Jesus disse no evangelho: se o sal perder seu sabor, se ficar insosso não servirá para mais nada além de ser jogado à terra e ser pisado pelos homens. A força do católico vem da Palavra Sagrada do Evangelho e dos ensinamentos de Jesus: quando não se segue a palavra perde-se o sabor e a finalidade da vida, tornando-se inútil para a missão para a qual se foi destinado, e, acabará sendo jogado ao chão do mundo e pisado pelos inimigos da fé!

E quanto à Luz do Mundo??? O que é ser a Luz do Mundo??? Vocês já perceberam que todas as coisas ruins e a maioria dos pecados ocorre na escuridão? É na escuridão que agem os ladrões, é na escuridão que se cometem os maiores pecados!

Ninguém acende uma luz para escondê-la, a luz serve para clarear os caminhos e a vida das pessoas. Sem ela nós ficamos perdidos. Todos nós já passamos pela experiência de ficar sem luz, e, a nossa primeira reação quando a luz acaba de repente é sair de onde estamos e buscar uma vela, uma lanterna ou outra luz qualquer. Temos medo da escuridão pois ela representa perigo!

E quantas pessoas vivem em perigo constante por falta da nossa Luz? Quantos vivem na ignorância porque não vêem em nós o exemplo da fé, da alegria, da participação da caridade e do amor ao próximo? Até mesmo nossos filhos muitas vezes ficam perdidos porque não tem em nós o exemplo que devíamos dar? Nossa luz muitas vezes está apagada ou embaixo de alguma coisa que a impede de brilhar...

O maior pecado que a escuridão provoca é causado pela nossa falta fé e por não seguirmos os passos de Jesus, e é a impossibilidade de vermos o irmão ao nosso lado. Na escuridão do egoísmo em que mergulhamos nós não conseguimos ver aqueles que realmente necessitam de nossa luz, do nosso exemplo de vida e de nossa força para viver.

Tanto pela Luz como pelo Sal, o cristão deve ser o que transforma, o que conserva, o que clareia, o que ensina, o que ajuda o irmão, o que participa ativamente da vida em comunidade, o que faz desse mundo um lugar melhor para se viver!

Esta é a mensagem que Jesus nos ensina no evangelho:
SER CRISTÃO É SER O SAL DA TERRA E A LUZ DO MUNDO!
Somente agindo assim é que podemos ter uma vida digna e merecer as recompensas da vida eterna!"

Meus irmãos e irmãs, agora eu lhes peço: vamos meditar sobre esse tema e decidir sermos autênticos cristãos e realmente transformar o ambiente onde vivemos e agir com todo o amor de seu coração para com todos os que nos rodeiam. Vamos ser exemplos de vida para todos!

VAMOS EVANGELIZAR COM O EXEMPLO DE NOSSA VIDA!
Que Deus nos abençoe e nos mantenha firmes na fé!

Autoria: Dermeval Pereira Neves - Escrito em 06/02/2005

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

AS INICIATIVAS DO PAPA FRANCISCO


por Dom Demétrio ValentiniFonte: Adital

Desta vez, a passagem de ano coincide, simbolicamente, com os nove meses de pontificado do Papa Francisco. É o tempo de uma gestação. Foi um tempo muito fecundo de iniciativas, que aos poucos vão dando forma ao novo pontificado.

Através destas iniciativas, dá para perceber a intenção do Papa Francisco de ir abrindo frentes de trabalho, que integram um projeto mais amplo de renovação da Igreja, a partir de sua missão.

Já é possível perceber o alcance de algumas destas frentes.

A primeira, decidida com rapidez pelo Papa, se refere ao "Banco do Vaticano”. Esta é fácil de resolver. Pois se trata, em síntese, de agir com honestidade e transparência, na gestão dos recursos financeiros, que poderiam, simplesmente, ser confiados, para a sua gestão, a um banco idôneo, de qualquer país, e livrar assim a Igreja da persistente imaginação de que ela é detentora de grandes recursos financeiros!

A segunda iniciativa, também tomada para deixar clara a atitude da Igreja, se refere às vítimas da pedofilia. Foi constituída uma comissão, com a finalidade específica de proteger estas vítimas, seja qual foi a autoria desses crimes, contra os quais a Igreja quer agir com severidade. Como a primeira, esta segunda frente de trabalho se destina a fortalecer a credibilidade da Igreja, para tomar outras iniciativas, mais amplas e mais significativas.

Estas duas iniciativas, que poderíamos chamar de prévias, já foram tomadas em sintonia com o grupo de oito cardeais, nomeados para ajudar o Papa no governo da Igreja. Mas a própria convocação deste grupo de cardeais já sinaliza, por sua vez, uma proposta mais ampla e mais profunda, de estabelecer um "governo colegiado” da Igreja, que está em plena sintonia com a "colegialidade episcopal”, a qual se constituiu no núcleo teológico e pastoral mais consistente de todo o Concílio Vaticano II.

Uma outra "frente” aberta pelo Papa, é a campanha contra a fome no mundo. Ela tem a fisionomia de uma campanha esporádica. Mas as circunstâncias lhe dão o caráter de paradigma da ação social da Igreja. Lançada pela Cáritas, que é presidida pelo Cardeal Maradiaga, um dos membros do "grupo dos oito”, foi recomendada com ênfase pelo Papa, deixando bem clara sua intenção de fazer dela o símbolo da aproximação entre Igreja e Sociedade, recomendada pelo Concílio em sua constituição pastoral denominada Gaudium et Spes”.

Bastariam estes acenos, para perceber que o Papa age de maneira estratégica, respaldando sua ação no Evangelho de Cristo e apoiando-se na consistência teológica e pastoral do Concílio, que é reproposto como referência básica e indispensável para a tão esperada renovação da Igreja.

Para que estas iniciativas não pareçam soltas e desconexas, o Papa Francisco aproveitou a "Exortação Pós-sinodal Evangelii Gaudium” para transmitir sua visão orgânica e integral do momento que a Igreja está vivendo, e dos desafios que ela precisa enfrentar.

De tal modo que a "Evangelii Gaudium” se constituirá num marco referencial para a caminhada da Igreja, como foi a "Evangelii Nuntiandi” de Paulo VI.

É um documento que servirá de baliza para a caminhada da Igreja nos próximos anos, como afirmou o próprio Papa Francisco. Colocando suas propostas de maneira integrada na "Evangelii Gaudium”, o Papa nos convida a refletir sobre elas, e perceber o quanto podem influenciar nossa ação eclesial. Se queremos estar em sintonia com o Papa, precisamos acolher as reflexões e as propostas da Evangelii Gaudium!


Minha fé é política porque ela não suporta separação entre o corpo de Jesus e o corpo de um irmão. 
Minha fé é política porque crê que a economia pode mudar um dia e ser toda solidária.
Minha fé é política porque acredito na juventude, na sua força e inquietude, no seu poder de diferença e na força da velhice que com sua sabedoria e experiencia ainda tem muito a colaborar, para um país justo,  igualitário sem tantas injustiças sociais..
Pastoral Fé e Política
Arquidiocese de São Paulo 
A partir de Jesus Cristo em busca do bem comum