A Lumen Gentium é, provavelmente, o documento mais importante do Concílio Vaticano II. Vamos entender um pouco sobre ele.
A
Constituição sobre a Igreja – Lumen Gentium (Luz dos povos) – tornou-se como
que o tronco do Concílio e representa, no campo da eclesiologia, uma autêntica
revolução. Surge um novo modo de ser e de compreender a Igreja.
De um
modelo de Igreja sociedade perfeita passa-se agora a uma pluralidade de
imagens, complementares entre si e orientadas pela perspectiva do mistério e da
Trindade. Ao contrário da Constituição Sacrosanctum Concilium, houve longa
discussão sobre o texto original, sendo feitas cerca de quatro mil emendas.
O
documento final, votado apenas após cada um dos capítulos ser aprovado
individualmente, foi promulgado a 21 de novembro de 1964, após receber 2151
votos a favor e apenas 5 contra. É composto por oito capítulos, onde se
descrevem diferentes aspectos da Igreja.
No primeiro somos introduzidos no "mistério da
Igreja": a Igreja é o reino já presente em mistério e cresce pelo poder de
Deus; "é o povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito
Santo" (LG n. 4).
Resgatam-se
uma série de imagens que, desde as origens do Cristianismo, representaram a
Igreja: rebanho, lavoura de Deus, edifício, Jerusalém do alto, templo do
Espírito e corpo de Cristo, com diferentes membros, guiados pela única cabeça:
Cristo, que é Luz dos Povos.
Como
vimos na edição anterior, no capítulo primeiro, a Lumen Gentium nos introduz no
"mistério da Igreja". Portanto, enquanto este capítulo considera o
corpo eclesial a partir do mistério trinitário, o capítulo segun - do,
apresenta o seu desenvolvimento histórico.
O novo
Povo de Deus, uno e universal, é formado por todos os que creem. Na Nova
Aliança, todos são chamados a ir e batizar, segundo a ordem de Cristo em Mt
28,18-20, constituindo, assim, uma Igreja missionária.
Os
capítulos III e IV da Lumen Gentium descrevem a estrutura orgânica da Igreja.
Todos os batizados, fiéis ou pastores, têm a mesma vocação fundamental e são
associados à mesma missão. Primeiramente fala-se da constituição hierárquica da
Igreja, especificando a função dos bispos (pregar o Evangelho, governar e
santificar o rebanho), presbíteros e diáconos, que estão ao serviço do povo de
Deus.
A seguir
trata dos leigos, aos quais, "compete por vocação procurar o Reino de Deus
tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus" (LG n.
31). Os leigos, cada vez mais valorizados, são chamados à santidade a partir de
sua inserção no mundo. Para tal, é sempre atual a necessidade de se investir na
formação e participação dos leigos na vida eclesial.
O
Concílio pede que entre pastores e fiéis haja uma "comunidade de
relações" e mútuo apoio, pois todos são "chamados à santidade".
Este é o tema dos capítulos V e VI. Segundo o Concílio, a missão essencial da
Igreja é a santificação. A Igreja é santa e todos na Igreja são chamados à
santidade. No coração desta vocação comum a todos está a vida consagrada.
Nos dois últimos capítulos da Lumen Gentium há a
descrição do desenvolvimento escatológico da Igreja e do papel de Maria nesta
caminhada, no mistério de Cristo e da Igreja.
A Igreja peregrina está em união
com a Igreja celeste e só será consumada na glória celeste (LG, n. 48).
A Lumen
Gentium é, provavelmente, o documento mais importante do Concílio Vaticano II,
pois este documento levou a Igreja a refletir sobre sua essência, origem e
constituição interna. Tomando consciência da Igreja como mistério ligado ao
mistério de Cristo e não como sociedade, deu um novo rumo e apontou caminhos
interessantes que, infelizmente, não foram bem explorados ao longo destes
cinquenta anos. Há, portanto, muito a ser feito.
Fonte: Pulsando Litúrgico - Folheto Dominical da Diocese de Apucarana - PR
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