segunda-feira, 6 de maio de 2013

LUMEN GENTIUM (Novo modo de ser Igreja)


A Lumen Gentium é, provavelmente, o documento mais importante do Concílio Vaticano II. Vamos entender um pouco sobre ele.

A Constituição sobre a Igreja – Lumen Gentium (Luz dos povos) – tornou-se como que o tronco do Concílio e representa, no campo da eclesiologia, uma autêntica revolução. Surge um novo modo de ser e de compreender a Igreja.

De um modelo de Igreja sociedade perfeita passa-se agora a uma pluralidade de imagens, complementares entre si e orientadas pela perspectiva do mistério e da Trindade. Ao contrário da Constituição Sacrosanctum Concilium, houve longa discussão sobre o texto original, sendo feitas cerca de quatro mil emendas.

O documento final, votado apenas após cada um dos capítulos ser aprovado individualmente, foi promulgado a 21 de novembro de 1964, após receber 2151 votos a favor e apenas 5 contra. É composto por oito capítulos, onde se descrevem diferentes aspectos da Igreja.

No primeiro somos introduzidos no "mistério da Igreja": a Igreja é o reino já presente em mistério e cresce pelo poder de Deus; "é o povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (LG n. 4).

Resgatam-se uma série de imagens que, desde as origens do Cristianismo, representaram a Igreja: rebanho, lavoura de Deus, edifício, Jerusalém do alto, templo do Espírito e corpo de Cristo, com diferentes membros, guiados pela única cabeça: Cristo, que é Luz dos Povos.

Como vimos na edição anterior, no capítulo primeiro, a Lumen Gentium nos introduz no "mistério da Igreja". Portanto, enquanto este capítulo considera o corpo eclesial a partir do mistério trinitário, o capítulo segun - do, apresenta o seu desenvolvimento histórico.

O novo Povo de Deus, uno e universal, é formado por todos os que creem. Na Nova Aliança, todos são chamados a ir e batizar, segundo a ordem de Cristo em Mt 28,18-20, constituindo, assim, uma Igreja missionária.

Os capítulos III e IV da Lumen Gentium descrevem a estrutura orgânica da Igreja. 

Todos os batizados, fiéis ou pastores, têm a mesma vocação fundamental e são associados à mesma missão. Primeiramente fala-se da constituição hierárquica da Igreja, especificando a função dos bispos (pregar o Evangelho, governar e santificar o rebanho), presbíteros e diáconos, que estão ao serviço do povo de Deus.

A seguir trata dos leigos, aos quais, "compete por vocação procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus" (LG n. 31). Os leigos, cada vez mais valorizados, são chamados à santidade a partir de sua inserção no mundo. Para tal, é sempre atual a necessidade de se investir na formação e participação dos leigos na vida eclesial.

O Concílio pede que entre pastores e fiéis haja uma "comunidade de relações" e mútuo apoio, pois todos são "chamados à santidade". Este é o tema dos capítulos V e VI. Segundo o Concílio, a missão essencial da Igreja é a santificação. A Igreja é santa e todos na Igreja são chamados à santidade. No coração desta vocação comum a todos está a vida consagrada.

Nos dois últimos capítulos da Lumen Gentium há a descrição do desenvolvimento escatológico da Igreja e do papel de Maria nesta caminhada, no mistério de Cristo e da Igreja.

A Igreja peregrina está em união com a Igreja celeste e só será consumada na glória celeste (LG, n. 48). 

A Lumen Gentium é, provavelmente, o documento mais importante do Concílio Vaticano II, pois este documento levou a Igreja a refletir sobre sua essência, origem e constituição interna. Tomando consciência da Igreja como mistério ligado ao mistério de Cristo e não como sociedade, deu um novo rumo e apontou caminhos interessantes que, infelizmente, não foram bem explorados ao longo destes cinquenta anos. Há, portanto, muito a ser feito.

Fonte: Pulsando Litúrgico - Folheto Dominical da Diocese de Apucarana - PR

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