Caríssimos Irmãos e Irmãs,
Neste Ano da Fé, apresento aqui em publicações semanais um pouco da história do Concílio Vaticano II, permitindo assim que muitos possam conhecer a importância dele para a atualidade de nossa Igreja.
CONCÍLIO VATICANO II CINQUENTA ANOS DEPOIS...
O Concílio Vaticano II foi um acontecimento fundamental para
a configuração da Igreja contemporânea, "um extraordinário evento
eclesial, nascido do coração de Deus", afirmou o papa Bento XVI.
Idealizado por João XXIII, sensível aos sinais dos tempos, e redinamizado por
Paulo VI, o Concílio suscitou elementos fundamentais para a Renovação da
Igreja, como um novo modo de agir, mais voltado para o mundo e suas
necessidades; o diálogo com a sociedade, a cultura e com outras Igrejas e
crenças; a consciência de que não é fugindo do mundo que se resolvem os
problemas que tem origem nele; a valorização da Sagrada Escritura e da Liturgia
na vida de fé; e a concepção de que a Igreja são todos os batizados, clero e
leigos, pois são todos membros do mesmo corpo de Cristo: todos nós formamos o
Povo de Deus e somos Templo do Espírito. Meio século nos separa do
acontecimento, mas não há dúvida de que o Concílio Vaticano II precisa ainda
ser descoberto.
O Concílio Vaticano II foi o vigésimo primeiro concílio
ecumênico. Os oito primeiros ocorreram no primeiro milênio e trataram
principalmente sobre a cristologia e a pnematologia. Os seguintes, que tiveram
como protagonistas principalmente os bispos do Ocidente e que ocorreram na
Idade Média, se pautaram muito mais por questões de disciplina eclesiástica. Em
torno de 1950, o papa Pio XII (1939-1958) tem como objetivo a reunião de um
novo concílio, mas, depois de fazer uma comissão trabalhar sobre o projeto,
desistiu dele. Os últimos anos de pontificado figuram, aos olhos dos católicos
franceses, como um período de fechamento, em razão de sanções tomadas contra
vários teólogos e da proibição da experiência dos padres-operários.
Contudo,
sobre outros pontos, grandes encíclicas marcam algumas aberturas: Divino
Afflante Spiritu (1943) deu maior autonomia à exegese católica; Mystici
Corporis (1943) mudou a apresentação da Igreja, até então mais jurídica que
teológica; Mediator Dei (1947) lançou a reforma litúrgica, que permitiu a
restauração da Vigília Pascal e o uso de rituais em latim-língua vernácula para
os sacramentos; Fidei Donum (1957), por fim, definiu as "jovens
Igrejas" como parceiras para a missão, e não mais como Igrejas assistidas.
Mas foi seu sucessor, João XXIII, quem lançou essa iniciativa do Concílio
Vaticano II. Foi ele quem, de algum modo, amarrou a gavela da qual Pio XII
havia colhido como as primícias.
O PAPA JOÃO XXIII
Continuando no nosso estudo sobre o Vaticando II, nessa
edição falaremos um pouco do Papa João XXIII. Aos olhos de seus contemporâneos,
a figura de João XXIII parecia contrastar com a de Pio XII. Alguns de seus
gestos se tornaram paradigmáticos, como a sua visita a um hospital infantil de
Roma, o Gesù Bambino, na noite de Natal de 1958. Angelo Giuseppe Roncalli (1881-1963)
nasceu em Sotto-il-Monte, vilarejo da província de Bergamo, região muito
católica do Norte da Itália, de uma família de camponeses fervorosos. Ordenado
sacerdote aos 23 anos, terminou seus estudos em Roma e, ao voltar para sua
diocese, serviu seu bispo, Dom Radini-Tedeschi, como secretário.
Em janeiro de
1953, tornou-se cardeal e arcebispo de Veneza, recebendo o título de patriarca.
Nessa posição, duas marcas de sua personalidade são rapidamente observadas: uma
grande simplicidade de vida e sua obediência às diretivas pontificais que se
traduz em sua carta pastoral de 12 de agosto de 1956 condenando a abertura à
esquerda da democracia cristã italiana. Portanto, estaríamos equivocados se
pensássemos que, em 1958, os cardeais queriam eleger um "progressista".
Esse homem idoso – 77 anos – realmente parecia ser "um papa de
transição" – alguns já pensavam, para o futuro, em João Batista Montini,
futuro Paulo VI, na época arcebispo de Milão, mas ainda não cardeal. Mas João
XXIII guardava surpresas. Uma obra redigida em sua juventude, sobre o concílio
provincial de Bérgamo, ocorrido no fim do séculoXVI, lhe mostrou como um
concílio podia ser instrumento de reforma na Igreja, o que lhe foi confirmado
por sua proximidade com a ortodoxia.
ANÚNCIO E PREPARAÇÃO DO CONCÍLIO
Foi no dia 25 de janeiro de 1959 que João XXIII anunciou a
dezoito cardeais, ao fim de uma cerimônia de encerramento da semana de oração
pela unidade dos cristãos. No que se refere ao anúncio do concílio, a data e a
circunstância escolhidas mostram sua orientação ecumênica e missionária. A
primeira etapa consistia em redigir os esquemas que constituíram a matéria
primeira da reflexão.
Para isso, o secretário de Estado, o cardeal Domenico
Tardini, endereçou cartas sucessivas aos bispos e às faculdades canônicas das
universidades católicas, pedindo-lhes que lhes transmitissem seus anseios
quanto ao objeto do Concílio (os votos).
Essa primeira fase, chamada de
antepreparatória, foi da primavera de 1959 à primavera de 1960 e permitiu
recolher 2.150 respostas de importância e interesses razoáveis. A comissão
antepreparatória teve a missão de pô-las em ordem. Em 5 de junho de 1960
(Pentecostes) João XXIIII abriu a fase preparatória do concílio. Inicialmente
houve onze comissões, calcadas sobre os diferentes serviços da Cúria Romana. O
trabalho das comissões tinha o objetivo de realizar, a partir dos votos, os
esquemas que seriam submetidos aos Padres conciliares.
Durante o mesmo período,
foi elaborado o regulamento do concílio, referindo-se a três pontos: quem
deveria ser chamado para o concílio? Que regras seguir no transcurso dos
debates?
Que procedimentos adotar para a votação dos textos? Para a votação,
recorreu-se ao procedimento de modificar para melhorar. O texto era votado
capítulo por capítulo, sendo em seguida objeto de um voto global e de um escrutínio
solene, antes de ser promulgado pelo papa.
... Acompanhe aqui a continuação desta história tão importante para nossa Igreja...
Que Deus os abençoe!
Dermeval Neves
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